Escrevo para não chorar,
Mas é inevitável,
Quando a dor não é palpável.
Escrevo para ser,
Escrevo para não morrer,
Escrevo para extravasar,
Escrevo para colocar para fora uma dor,
Ou um não amor.
Escrevo para desnudar minha alma,
Escrevo para manter a calma.
Escrevo para falar de tudo,
De minhas bagagens,
As leves, por vezes pesadas também, sobretudo!
E escrevo como doida,
Quando estou doída,
Quando me sinto diminuída.
Escrever é como descobrir
O que está me matando,
Porque não estou falando.
Mas nem isso resolve,
Porque nem tudo se dissolve.
Por isso escrevo novamente,
Porque ainda há algo lá dentro,
Agora mais forte, urgente.
Porque há algo aqui dentro, latente,
Que tira o sossego da gente.
Mas a gente tenta dormir,
Mas o parto ainda não acabou,
E ainda há dor.
Talvez se eu tivesse um amigo por perto,
Que atravessasse comigo meu deserto,
Que só me abraçasse e nada me perguntasse.
Que nem mesmo quisesse saber o que fazer para eu melhorar,
Porque ele já estaria fazendo, me entendendo e me acolhendo.