Meu nome é Suely Alencar Ximenes, tenho 59 anos e carrego comigo uma longa trajetória de paixão pela escrita, que começou lá atrás, quando eu tinha apenas 13 anos. Naquela época, minha curiosidade pelo mundo e pelas histórias que podia criar no papel era tão grande que, mesmo sem entender ao certo aonde a escrita me levaria, eu já sentia que aquele seria um caminho especial na minha vida. Hoje, ao olhar para as inúmeras páginas que preenchi ao longo das décadas, percebo o quanto minha voz foi amadurecendo, refletindo não apenas minha vivência, mas também meus anseios, sonhos e inquietações.

Sempre tive um apreço profundo pela leitura, hábito que me acompanha desde muito cedo. Entre tantos livros que passaram por minhas mãos, um em especial marcou de forma inesquecível a minha adolescência: “A sangue frio”, de Truman Capote. Eu tinha apenas 14 anos quando me deparei com aquela obra, e a maneira como o autor reconstruiu a história, a densidade emocional, a crueza dos fatos e a profundidade psicológica me abalaram, despertando em mim um novo olhar para o poder que as palavras podem exercer. Foi como se o mundo literário se ampliasse de repente, revelando camadas e sutilezas que até então eu desconhecia. Esse impacto, sem dúvida, contribuiu para consolidar minha paixão pelos livros.

Hoje sou divorciada e tenho 4 filhos, todos já crescidos, cada um seguindo seu próprio caminho. Como Professora, carrego comigo a satisfação de poder influenciar outras vidas por meio da educação. Trabalho em uma escola onde coordeno atividades na biblioteca, incentivando a leitura e o contato com diferentes obras. É um privilégio apresentar aos estudantes a infinidade de universos que podem ser explorados com a imaginação. Vejo neles o meu reflexo de outrora, a mesma curiosidade e sede de conhecimento que me impulsionaram na juventude. Saber que posso plantar pequenas sementes de amor pela leitura no coração de cada um deles é algo que me inspira diariamente.

Além da literatura, tenho um interesse especial por trabalhos manuais. Gosto muito de artesanato: dedico horas ao crochê e, com alguma ousadia, também me aventuro na costura. Esses momentos, entre linhas, agulhas e tecidos, funcionam como um tipo de terapia, uma pausa para que minhas mãos e minha mente criem algo tangível, palpável, quase uma metáfora para a criação literária, onde as palavras formam tramas tão minuciosas quanto as de um bordado bem feito.

A imaginação sempre foi a matéria-prima que alimentou minha vida. Tenho uma mente fértil, capaz de me transportar para além do cotidiano, permitindo que eu transforme experiências banais em histórias inspiradoras. Esse dom de “viajar” para outros cenários e tempos, de contemplar sentimentos não vividos e paisagens nunca antes vistas, faz com que a existência se torne maior, mais rica e cheia de possibilidades. É assim, flertando com a ficção e fortalecendo vínculos com a realidade, que sigo, dia após dia, celebrando a arte de contar e de viver histórias.